Em outubro de 2022, as exportações do agronegócio brasileiro bateram um recorde: foram US$ 14,25 bilhões de dólares, de acordo com o Ministério da Agricultura. Isso representa 61,3% a mais que o volume exportado pelo setor em outubro de 2021.
Em contrapartida, entre agosto de 2021 e agosto de 2022, a área degradada teve uma alta de “apenas” 5.322%. Esses dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora áreas de desmatamento na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Estado do Maranhão) com maior precisão que o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ou seja: no período aproximado de 1 ano, se compararmos grosseiramente o número do aumento das exportações (61,3%) com o número da alta da área degradada (5.322%), facilmente podemos concluir que o crescimento da produção agrícola NÃO está relacionado ao desmatamento.
Mas se o desmatamento não é o fator determinante para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, o que ocasionou tanto crescimento?
Além do cenário econômico mundial favorável, vários fatores nacionais contribuíram para o desempenho impressionante da produtividade agropecuária brasileira:
- o investimento em pesquisas científicas para a melhoria de sementes, correção do solo e desenvolvimento de insumos mais avançados;
- a mecanização do campo, com a evolução tecnológica das máquinas;
- o fomento do crédito público e privado (com seu merecido destaque);
- a profissionalização e modernização do homem do campo.
O agro é muitas vezes visto como o principal vilão da preservação ambiental. Contudo, o que não se sabe é que o próprio agronegócio sofre com o desmatamento ilegal, com impactos negativos diretos à produtividade do setor.
Com menos árvores nas florestas, há menos umidade no ar e menos chuvas – ou seja, o desmatamento aumenta a temperatura e torna mais recorrente os períodos de estiagem, o que aumenta os gastos com a agropecuária e impacta a produtividade.
Também é preciso ressaltar que a legislação e os requisitos administrativos para viabilizar a abertura de novos espaços para exercício da atividade agropecuária é bastante regulado, severo e fiscalizado, justamente para garantir a preservação ambiental.
O agronegócio brasileiro é inimigo do desflorestamento ilegal e das queimadas. Por isso e por vários outros motivos, precisamos celebrar mais o agro do futuro, legal, produtivo e sustentável.